BIBLIOFILIA

 A Arte de Roubar

Um caso típico de edição antiga valiosa, por causa de uma determi­na­da pecu­liaridade, é o da edição da Arte de Furtar, obra atribuída ao padre Vieira, impressa em Londres em 1821 por iniciativa de Hipólito da Costa. Na dedicatória foi “oferecida ao Ilmo. Sr. F. R. M. Targini, ex-tesoureiro-mor do erário do Rio de Janeiro”. Como se não bastasse a ironia, Hipólito foi ainda mais incisivo. Embaixo dela colocou um retrato de Targini, mostrando somente sua cabeça rodeada, como enfeite, de uma corda! Sob o medalhão mandou imprimir estes versos: “Qual pirata inico dos trabalhos alheios feito rico.” 

Jamais na história do Brasil, um jornalista atacou um Ministro da Fazenda com tanto espírito, eficácia e “ad perpetuam rei memoriam”.

(Fonte: Rubens Borba de Moraes, O Bibliófilo Aprendiz, Cia Ed. Nacional, 2ª Ed., 1975)


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